10 de dez. de 2016

A ODEBRECHT, A "DELAÇÃO DO FIM DO MUNDO" E A JURISPRUDÊNCIA DA DESTRUIÇÃO.




Responsável por ao menos dois dos programas estratégicos mais importantes do país, o da construção do submarino nuclear Álvaro Alberto, da Marinha e o do míssil ar-ar A-Darter, da Força Aérea, destinado a equipar os futuros caças Gripen NG-BR que estão sendo construídos com a Suécia, também sob estranha investigação do Ministério Público, a Odebrecht está pagando caro por sua "proximidade" com os governos Lula e Dilma.

Embora seja uma das mais importantes construtoras estrangeiras a operar em Miami, o bastião do anticomunismo “morocho-cubano” norte-americano, onde construiu o metrô suspenso, o maior estádio da cidade e fez reformas no porto e a ampliação do aeroporto, e mesmo com o seu principal executivo, Marcelo Odebrecht,  preso há quase dois anos, a justiça acaba de condenar também o patriarca da organização, o engenheiro Emilio Odebrecht, a quatro anos.

E - já que não conseguiu provar cabalmente desvios e sobrepreços no montante em que se alega no caso Petrobras - estabeleceu para o grupo uma multa "civil" de quase 7 bilhões de reais, parte da qual deverá ser abjetamente entregue pela justiça brasileira à norte-americana (a Suíça também faz parte do acordo) em apenas um ano.

Em qualquer país do mundo, independente de seu eventual envolvimento com corrupção, que em alguns casos - como o financiamento de campanhas - não seria considerado mais do que "lobby" nos EUA, uma empresa como a Odebrecht  - como foi, nos últimos anos, antes da queda de Dilma - seria considerada um fator estratégico de competitividade nacional.

No Brasil burro, fascista, espetaculoso, vingador e punitivo da Jurisprudência da Destruição dos dias de hoje - pode-se punir culpados sem arrebentar com as empresas - ela já teve que eliminar, nos últimos dois anos, devido à interrupção de projetos, vazamentos para a imprensa , versões e contra-versões da mídia,  aumento do risco e encarecimento do crédito, dezenas de milhares de postos de trabalho, perdeu metade de seu valor de  mercado, viu sua dívida subir para 90 bilhões, está sendo esquartejada e desnacionalizada, até mesmo na área de defesa - com um incalculável prejuízo não apenas para quem foi demitido, mas também para milhares de acionistas, investidores e fornecedores.

Os grandes pecados "ideológicos" da Odebrecht, que de comunista nunca teve nada - que explicam o ódio e a cataclísmica tempestade que se abateu sobre sua cabeça - é que não se lhe perdoam os fatos, emblemáticos para o plutocrático e autofágico neofascismo tupiniquim,  de ter obras em países bolivarianos, como a Vanezuela e o Equador, "comunistas" como Angola, e, o pior de tudo, de ter reconstruído o Porto de Mariel, em Cuba.

Além de ter sido também, teimosamente, o último grande grupo de engenharia nacional a ter sucumbido à pressão, aceitando fazer acordo de leniência com o Ministério Público.

Coadunando, indiretamente, a versão estabelecida  como roteiro para ser vendida - com a cumplicidade da mídia - sobre a Operação Lava Jato para a opinião pública, da qual faz parte a transformação de doações legais e de Caixa 2 automaticamente em propina, para justificar o “petrolão”.

Por mais que os "delatores" da Odebrecht  confessem ter dado dinheiro a partidos, é preciso que se prove o prejuízo para o erário e em que montante houve esse prejuízo.

Se existiu superfaturamento ou se a Odebrecht, assim como outras empresas, separava normalmente dinheiro do que  seria razoável como margem de lucro,  para financiar, preventivamente, partidos de todas as tendências, não necessariamente para direcionar licitações, mas para não ser incomodada, pressionada ou alijada em relação aos seus projetos.

Até mesmo porque as quantias agora citadas não passam de em sua maioria, dfe um, dois, no máximo três milhões de reais, longe, portanto, do que seria pago pela aprovação de contratos bilionários como os que estão em questão, dos 6 bilhões supostamente envolvidos no caso da Petrobras e dos 140 bilhões de reais que, se calcula, já foram acarretados ao país em prejuízo pela Operação Lava Jato.

Ao dar ampla publicidade à delação da Odebrecht - que de delação do fim do mundo não tem nada, já que a Montanha acabou parindo um rato - citando dezenas de nomes no varejo, em quantias relativamente pequenas considerando-se o que supostamente foi desviado, parte da mídia cumpre o papel que dela se espera de transformar um esquema de pequenas doações de campanha feitas à época do pleito, para deputados que não estavam diretamente ligados a comissões de licitação de estatais, nem tinham como direcionar seu resultado, em um mega escândalo de corrupção destinado a evitar que a Operação Lava Jato caía no estracismo, ou seja obrigada a comprovar, obra por obra, contrato por contrato, depósito por depósito, os desvios que alega terem ocorrido em escala inimaginável.

As jóias da família Cabral e as viagens da família Cunha, com o locupletamento pessoal de seus integrantes, assim como o de Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa, que já estão soltos, são uma coisa.
Dinheiro para uso em eleição é outra, dentro do esquema usual de Caixa 2 que perdurou neste país durante décadas  e, nesse caso, a responsabilidade é dos partidos, que devem ser culpados e punidos (retroativamente?) e não de tesoureiros como Vaccari, que, mesmo sem sinais aparentes de enriquecimento ilícito, já foi condenado a mais de 20 anos de prisão.  

Em abril, antes da saída de Dilma do poder, já dizíamos em UM PAÍS SOB IMPEACHMENT, que as denúncias não se restringiriam ao PT.

O que importa, além das deletérias e quase irrecuperáveis  consequencias de uma campanha anti-corrupção que arrebentou com a engenharia e os grandes projetos estratégicos e de infraestrutura  nacionais - beneficiando claramente outros países - é saber a quem interessa o aprofundamento constante da criminalização e judicialização da política e a impressão que se quer dar à população de que todo e qualquer representante eleito é bandido e de que todo procurador ou juiz é santo ou impoluto.


E saber quem se aproveitará disso tudo, quando chegar a hora de colher os frutos desse processo, na base, como fez Donald Trump nos EUA, da negação da política e da promoção da antipolítica, nas - cada vez mais próximas - eleições presidenciais de 2018.

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