8 de nov. de 2017

O FIM DO BNDES E O GRANDE GOLPE DO BRASIL QUEBRADO



(Revista do Brasil) - Nos últimos anos, e mais especialmente a partir de 2013, o Brasil tem se transformado, cada vez mais, no país de pequenos e grandes golpes, canalhas, sucessivos e mendazes.


Golpes na economia, golpes na soberania e na estratégia nacional, golpes contra a Democracia, que culminaram no grande golpe jurídico-midiático-parlamentar de 2016.


Mas, sobretudo, golpes contra verdade, a consciência popular, a própria realidade e a opinião pública, com a criação e disseminação de uma série de mentiras, fakes e falsos paradigmas, que se apoiaram mutuamente na fabricação do consentimento para a desconstrução destrutiva de um sistema político que, com todos os seus defeitos - aliás, como toda democracia - funcionava com um mínimo de governabilidade, de estabilidade institucional e de equilíbrio entre os poderes da República.


Golpes voltados para a sabotagem e destruição de um programa nacionalista e desenvolvimentista que levou o Brasil da décima-quarta para a sexta economia do mundo, em termos nominais, em 9 anos, apoiado no retorno, do país, à construção de plataformas de petróleo, hidrelétricas de grande porte, ferrovias, refinarias, tanques, submarinos, navios, rifles de assalto, caças, cargueiros aéreos militares, multiplicando o crédito, dobrando a produção agrícola, triplicando a produção de automóveis, com relação a 2002.           


Da imensa usina de contra-informação fascista montada, principalmente, a partir de 2013, saíram - e continuam a sair - milhares de calúnias, seguindo uma estratégia não escrita, em que pequenas “notícias” cotidianas, a maior parte delas surreais, disseminadas pela má fé, o ódio e a hipocrisia, realimentam, permanentemente, principalmente nas redes sociais, grandes correntes e paradigmas midiáticos que adquiriram o ar de certeza para a parcela mais ideologicamente imbecil, quanto mais apaixonadamente ignorante, da população brasileira.        


Uma das principais pós verdades vendidas para esse  público, hoje já transformada em discurso e adotado como bandeira e muleta pelo atual governo e boa parte da mídia, é de que o Brasil estaria totalmente inviabilizado economicamente, e, logo,  necessitado de passar por um urgente programa de “reformas” e de venda de ativos - públicos e privados - para sair do buraco em que deixaram o país os dois últimos presidentes da República.


Ora, quebrados, ou quase isso, estávamos no último ano de governo do Sr. Fernando Henrique Cardoso - quando o PIB nacional, depois de um nefasto programa  de “reformas” e do maior programa de “privatizações” - na verdade, de desnacionalização - da economia brasileira em 500 anos encerrou o ano com um PIB nominal e uma renda per capita em dólares - segundo Banco Mundial - menor do que tinha oito anos antes, no final do governo Itamar Franco, e com além de uma dívida com o FMI de 40 bilhões de dólares.  


Hoje, o Brasil tem 380 bilhões de dólares  - mais de um trilhão de reais - em reservas internacionais e é ainda, com toda a crise, a nona economia do mundo. 

Entre as 10 principais economias do planeta, grupo em que nos incluímos depois de 2002, pelos menos 7 países - EUA, Japão, Reino Unido, França, Itália, Canadá - têm uma dívida pública maior que a nossa.  


O salário mínimo e a renda per capita são maiores, em dólares, agora, do que no final de 2002 e as dívidas bruta, externa e líquida são menores do que eram quando Fernando Henrique deixou o poder.


Mas a mídia, os ministros, os “especialistas” e “analistas” do “mercado”, insistem em afirmar, a todo o momento, exatamente o contrário, que estamos redondamente quebrados, e que a dívida nacional explodiu, por terem, talvez, na verdade, a mais descarada certeza de que conseguiram realmente nos transformar impunemente, nos últimos quatro anos, a todos os brasileiros, em uma populosa nação de 220 milhões de idiotas.      


Afinal, há muita diferença entre dificuldades fiscais momentâneas, em termos históricos, causadas, entre outras coisas, por um programa de desonerações fiscais equivocado, que deixou um déficit muito menor do que está hoje - entre outras razões por volumosos aumentos de salários para o Judiciário e o Ministério Público aprovados depois que Temer chegou ao poder - e os dados macroeconômicos de um Brasil que já emprestou dinheiro ao FMI e ocupa o posto de quarto maior credor individual dos EUA, como se pode ver pesquisando a página oficial do tesouro dos Estados Unidos, procurando pela expressão mayor treasuries holders no Google.     


A razão pela qual o governo - e o sistema de contra-informação fascista, na internet principalmente - não alardeiam, para a maioria, a base, da população, o excelente nível de reservas internacionais é óbvia.     


Essa informação contradiz frontalmente o mito de que Lula, Dilma e os governos do PT quebraram o Brasil, a ponto de deixar o país de chapéu na mão.


E anula, praticamente, a justificativa que está por trás de um programa apressado, antidemocrático - porque a sociedade não está sendo ouvida - e antipatriótico de  privatizações que está entregando o Brasil a toque de caixa e  preço de banana podre para os estrangeiros, como ocorreu, por exemplo com a venda da maior refinaria de resina PET da América Latina, recém inaugurada pela Petrobras, na qual se gastou 9 bilhões de reais, por apenas 1.3 bilhão de reais para capitais mexicanos, no final do ano passado, provocando um prejuízo, apenas nesse caso, 3 vezes superior àquele que teoricamente teria sido gerado por Dilma no caso Pasadena, se ela já não tivesse, a bem da verdade, sido isentada pelo TCU dessas acusações.


Ou da entrega - por meio de um discurso entreguista tão hipócrita quanto calhorda - de reservas de petróleo do pré-sal para empresas 100% estatais de outros países como a Noruega e a China, enquanto, para consumo interno, defende-se a “desestatização” da Eletrobras e a própria Petrobras, com a alegação de que o capital privado seria mais honesto e competente.


Tudo isso, em um país em que, paradoxalmente, com base em uma campanha jurídica eivada de primeiras, segundas e terceiras  intenções políticas, se acaba de destruir cinicamente - e em alguns casos, desnacionalizar - a base do capital privado nacional e da mega                                 engenharia brasileiras, justamente por serem consideradas, as duas, fontes de corrupção e de ser excessivamente dependentes do governo.


São essas mesmas razões - a mentira e a manipulação e a necessidade de sustentar o mito de que o PT quebrou o país  -  - que fazem com que o governo e a mídia deixem de mencionar, ou tentem esconder da maior parte da população, que Temer e Meirelles herdaram dos governos Dilma e Lula - quando assumiram o poder depois do golpe de 2016 - um BNDES extremamente poderoso e eficiente, com centenas de bilhões de reais em caixa.


Recursos que eles estão raspando dos cofres do nosso maior banco de fomento, enviando-os  “antecipadamente” para o Tesouro, com a desculpa de estar diminuindo a  dívida pública, quando ela é menor hoje do que em 2002 e esse dinheiro fará quase ou nenhuma diferença em  percentual de dívida com relação ao PIB, ao fim desse estúpido, gigantesco, austericídio.


Não é preciso lembrar ao Ministro da Fazenda - que recebeu mais de 200 milhões de reais em “consultoria” no exterior nos últimos três anos - que o BNDES foi criado, em 1952,  no segundo governo Vargas, para promover o desenvolvimento econômico e social do país, e não para gerar recursos para o pagamento de uma dívida pública que ainda se encontra,  como é o caso da nossa, em uma classificação mediana do ponto de vista internacional - se a dívida pública federal chegou a 3.4 trilhões em julho, e o PIB do segundo trimestre foi de 1.6 trilhões (ou pouco menos de 7 trilhões) o que o país deve equivale a pouco mais de 50% do Produto Nacional Bruto.


Como não é preciso recordar que bancos precisam de dinheiro para funcionar e que, retirar deles esses recursos, nesse caso, capitais públicos, equivale a fechar as suas portas.     


Nem que, assim como no caso da justificativa imbecil da queda de Dilma por “pedaladas” fiscais, o dinheiro que está no BNDES, ou no Tesouro, pertencem ao mesmo dono - o povo brasileiro - e que o que importa não é ficar fingindo que se tratam de  coisas diferentes, mas, no frigir dos ovos, gerir esses recursos, economizados nos últimos anos, em benefício de todos os cidadãos e não de firulas contábeis para se posar de bons moços para o “mercado”. 


Em um momento em que o país, com mais de 14 milhões de desempregados, padece com centenas de bilhões de dólares em projetos importantíssimos - muitos deles estratégicos -  paralisados irresponsavelmente por decisão da justiça nos últimos três anos, e precisa desesperadamente de recuperar suas maiores empresas e de mais infraestrutura e vagas de trabalho.       


A intenção de acabar, na prática, com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, estrangulando-o enquanto principal instrumento estratégico para a competitividade brasileira,   não atende apenas aos interesses de nossos concorrentes externos.


Ela acompanha a  estratégia - seguida pelo atual governo desde que assumiu, de enfraquecer também o Banco do Brasil e a Caixa Econômica, para justificar a sua privatização, ou, no mínimo,  “equilibrar” o “mercado”,  aumentando  a fatia dos bancos privados - nacionais e estrangeiros - no sistema financeiro nacional.


Não por acaso Gustavo Franco acaba de declarar, em seminário em Belo Horizonte, que o BB está pronto para privatização e não é também por coincidência que contratos do Minha Casa Minha Vida tem sido sistematicamente atrasados pela Caixa e anunciou-se nesta semana que o financiamento de imóveis usados na Caixa agora só chegará, no máximo, a 50% do valor do bem a ser adquirido.


A classe “média”, principalmente, aquela parcela que se assume como vanguarda do fascismo nas redes sociais, ou está engolindo a seco, ou deve mesmo estar satisfeita com essas notícias, e também com outras novidades desse “novo” Brasil, ordeiro e progressista, como a volta dos frequentes, quase semanais, aumentos do preço dos combustíveis da Petrobras para as distribuidoras, rapidamente repassados pelos postos para as distribuidoras, tão comuns na última década do século passado.

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