23 de fev. de 2020

EM QUEDA LIVRE - PROBLEMAS DA BOEING COM O 737 MAX PODERIAM ABRIR CAMINHO PARA RETOMADA ESTRATÉGICA DE UMA PARTE MAIOR DA EMBRAER PELOS BRASILEIROS.


(Da equipe do blog) - Não bastasse ter  provocado a demissão de milhares de trabalhadores próprios e de fornecedores e de ter pago mais de 300 milhões de reais para seu ex-presidente, na saída dele da empresa, em janeiro (e depois o pessoal aqui ainda vem falar em cabide de emprego) a Boeing anunciou esta semana que teria encontrado detritos (lascas de metal e até mesmo ferramentas abandonadas) em 70% dos tanques de combustíveis de 50 aviões 737 Max inspecionados. 


As aeronaves faziam parte de 400 exemplares desse modelo fabricados no ano passado que não puderam ser entregues aos compradores devido à proibição de voo imposta por vários países após  acidentes coim dois 737 Max que causaram a morte de 346 tripulantes e passageiros na Indonésia e na Etiópia

Foi para esse primor de empresa que o governo brasileiro autorizou, por decisão inicial de Temer, a entrega de 80% da EMBRAER, a terceira maior fabricante de aviões do mundo.

A desculpa, usada pelos vira-latas de sempre, de que os canadenses da Bombardier teriam feito acordo semelhante com a AIRBUS simplesmente não procede, porque no caso daquele país apenas 50,O1% das ações foram cedidas para os europeus, os acionistas locais da Bombardier continuaram com 31% e o governo da província canadense do Quebec manteve 19% de participação estatal na nova parceria, que envolveu apenas a linha de aviões médios C-Series.

Após o fracasso do lançamento de sua nave de transporte espacial Starliner, para a Estação Espacial Internacional, com um ônus de quase 500 milhões de dólares, em dezembro, e o corte na produção de outros modelos, como o 787 Dreamliner, a Boeing já admite que os prejuízos ligados aos problemas técnicos e de engenharia do 737 Max podem chegar a 18,7 bilhões de dólares, quase 100 bilhões de reais, fora as indenizações pelas mortes das 346 vitimas até agora.

Estimativa que, afirmam observadores, estaria extremamente subestimada, já que parte do pressuposto de que os graves erros técnicos do projeto seriam solucionados a curto prazo, e que companhias aéreas e viajantes de todo o mundo aceitariam voar novamente com o 737 Max, que muitos classificam nos comentários das redes sociais americanas e britânicas como um caixão voador ou “fliying coffin”.

Tudo isso faz com que outros acreditem que o prejuízo poderia variar, na realidade, em caso de devolução das aeronaves já construídas, entre 52 e 200 bilhões de dólares (aproximadamente 1 trilhão de reais) nos próximos 10 anos, para a Boeing, seus fornecedores e companhias de seguro.

Diante da crise financeira e de credibilidade da empresa norte-americana, olimpicamente ignorada por estas bandas pela grande mídia, não seria o caso de o Brasil reconhecer o erro, e, do alto dos 359 bilhões de dólares que ainda temos em reservas internacionais,  aproveitar os problemas da Boeing para estabelecer um plano estratégico para a retomada de ao menos uma parte maior da EMBRAER, uma marca respeitada no mundo inteiro, com sucessos de mercado e de engenharia construídos ao longo de décadas, com total apoio da Aeronáutica e, direta e indiretamente, com dinheiro público de todos os brasileiros ?

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