8 de ago. de 2013

DE FÉRIAS

Comunico aos amigos e  leitores que estou de férias, por 30 dias,  o que diminuirá – mas não irá interromper – minhas postagens aqui no blog.

Um cordial abraço do Santayana.

A ESPANHA E O TREM-BALA

Ao insistir no projeto do Trem-Bala, o Governo Federal está praticamente pedindo que novas manifestações sejam convocadas, dessa vez por causa de uma obra cara, desnecessária, feita sob medida para agradar – e repassar bilhões de dólares – para multinacionais.

Isso, em um país em que a população está refém de um sistema de transporte interestadual e intermunicipal de passageiros arcaico, em que um cartel incrustado há anos nesse mercado, impede a realização de novas licitações, obtendo, na justiça, sucessivas liminares para manter cartórios feudais que vem desde a época do regime militar.

Ora, numa situação dessas, o governo deveria ver o transporte ferroviário de passageiros como uma oportunidade para romper esse monopólio, obrigando as empresas de ônibus a diminuir seus preços e melhorar seus serviços, deixando o trem-bala para um momento mais favorável, do ponto de vista da opinião pública, investindo, calmamente e sem pressa, uma fração do que se pretende gastar no trem-bala, no estabelecimento de tecnologia própria de trens de alta velocidade, como a que já está sendo desenvolvida na Coppe, no sistema de levitação magnética do trem Cobra-Maglev.

No lugar disso, volta-se atrás em exigências antes estabelecidas para o Edital, para facilitar a vida de concorrentes como os espanhóis, sob o absurdo argumento de que o trem que se acidentou na Galícia há duas semanas, batendo contra a amurada de proteção de concreto a 190 quilômetros por hora “não é um trem de alta velocidade”, livrando a cara das estatais espanholas que o operam, e que pretendem concorrer à licitação.

Está para ser explicada essa preferência do Governo pela concessão de serviços públicos para a Espanha, que vem desde a época de FHC. A Espanha não dispõe hoje, como antes não dispunha, nem de capital nem de know-how.

Sua propalada tecnologia na área de trens de alta velocidade é canadense, francesa e alemã. A Telefónica nunca chegou a desenvolver sequer um prosaico aparelho de celular para o mercado brasileiro, e seus equipamentos mais recentes são da chinesa Huawei.

Dinheiro próprio, os espanhóis também nunca tiveram, nas décadas recentes. O país se “desenvolveu” com recursos dos fundos da UE e à base de uma das maiores dívidas (pública e privada) do mundo, situação compartilhada pelas suas grandes empresas, todas altamente endividadas, como a própria Telefónica e o Santander.

O governo pode fazer o que quiser em sua inexplicável “parceria” com os espanhóis, amplamente apoiados pelo governo corrupto de Rajoy. Só não pode nos fazer de parvos, dizendo que um trem que atinge 220 quilômetros por hora é de baixa velocidade, e nem deixar que a imprensa espanhola cante aos quatro ventos, mesmo depois do acidente fatal em que morreram 80 pessoas, que o consórcio ibérico é o favorito para a licitação do projeto brasileiro.  



4 de ago. de 2013

O ANZOL E O PEIXE

                     
(JB)-Uma boa notícia: o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal brasileiro cresceu 47,5% entre 1991 e 2010, segundo o "Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil-2013", divulgado ontem pelo PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. 
       Com isso, o IDHM geral do Brasil mudou de "muito baixo" (0,493), em 1991 para "alto desenvolvimento humano" (0,727), em 2010. Em 2000, o IDHM geral do Brasil era 0,612, ou seja, ainda considerado médio.
       O IDHM não é a média do índice por municípios, mas cálculo feito a partir das informações do conjunto da população brasileira em relação a três indicadores: vida longa e saudável, acesso ao conhecimento e padrão de vida, este último determinado pela renda.
        Segundo a publicação, alcançamos  alto padrão quanto à longevidade e à renda, e  padrão apenas “médio” quanto à educação. O dado não causa espanto uma vez que, em 2011, ocupamos o 88º lugar entre l27 países, segundo ranking elaborado  pela Unesco – órgão da ONU dedicado à cultura e à educação. 
        Por sua vez, outro relatório, o de “monitoramento global”, indica que o Brasil foi dos países que mais aumentaram o investimento em educação, tendo um dos melhores programas de combate ao analfabetismo do mundo.    
        No geral, no entanto, os municípios que mais avançaram estão no Norte e Nordeste, o que indica que a renda da população mais pobre do país está mais alta, embora permaneça baixa com relação às regiões mais desenvolvidas, como a do Vale do Paraíba, em São Paulo, que está próxima à dos Estados Unidos.
      Existe, no entanto, uma grande diferença entre acesso à educação – que se considera, no Brasil, a freqüência à escola – e o acesso ao conhecimento. 
      Muitos alunos têm chegado às universidades públicas, religiosas e privadas, sem estar devidamente preparados - as últimas quase sempre mais preocupadas com o faturamento. Outros também tem tido acesso, com critério de seleção que não é muito rigoroso, a programas em que o Brasil investe muito, como ”Ciência Sem Fronteiras”.
     Embora tenhamos universidades como       a USP, considerada a melhor entre os países de língua portuguesa e espanhola, caímos seis posições no último ranking. Encontramo-nos ao lado do México, e atrás de algumas nações latino-americanas, como o Chile.
    O Governo anuncia que pretende aumentar o número de escolas integrais, de 49 para  60.000 em curto espaço de tempo. É uma excelente medida, mas não basta retirar a criança da rua, seja assim, ou fazendo-a ajudar os pais,  ao cuidar dos irmãos menores, enquanto eles trabalham.
    É preciso aproveitar o tempo extra para que assimilem cultura, com teatro, leitura, artes plásticas, atividades que ensinem as novas gerações a pensar. Temos avançado – e precisamos caminhar muito mais - na melhora da qualidade de vida da população. Estamos aprimorando o sabor do peixe, mas precisamos ensinar o povo a pescar, por meio do conhecimento.


  



.