12 de mai. de 2014

A ARGENTINA E O BRICS


(Hoje em Dia) - Circula a informação, na imprensa argentina, de que o embaixador da Índia em Buenos Aires, Amarenda Khatua (foto), teria afirmado que Brasil, África do Sul e Índia, estariam dispostos a apoiar a entrada de Buenos Aires no BRICS, a partir do próximo ano.

Com todo o respeito pelos irmãos argentinos, a idéia, por mais que possa ter sido apenas fruto de uma deferência do representante indiano junto ao governo que está servindo, não tem pé nem cabeça, e precisa ser seriamente debatida, se por acaso estiver sendo considerada, mesmo que remotamente, por alguém dentro do governo brasileiro, ou pelo Itamaraty.

Algumas condições fazem do BRICS o que ele é, e justificam a presença dos sócios que fazem parte do grupo até agora.

Em primeiro lugar, os BRICS são, em sua maioria, potências nucleares e espaciais, se considerarmos a própria Índia, a Rússia e a China; reúnem países que têm grandes reservas internacionais, como é o caso da Rússia, com mais de 600 bilhões de dólares em caixa, ou da China e do Brasil respectivamente o primeiro e o quarto maiores credores individuais externos do tesouro dos Estados Unidos.

A maioria são, também, países de grande peso territorial e demográfico, como China, Rússia, Índia e Brasil, ou as nações mais importantes, do ponto de vista geopolítico, comercial e tecnológico, em suas respectivas regiões.

A Rússia lidera as ex-repúblicas da órbita soviética, na Comunidade de Estados Independentes, a China, as nações reunidas no Grupo de Xangai, a África do Sul - que conta com avançada indústria de defesa – a União Aduaneira da áfrica Austral, o Brasil é a maior nação do MERCOSUL, da UNASUL, e do Conselho Sul-americano de Defesa.

PIB mais fraco do BRICS, antes da África do Sul, assim como o Brasil detêm o maior PIB do grupo depois da China, talvez a Índia esteja fazendo um balão de ensaio, na tentativa de diminuir o peso de potências mais fortes, como a China e o próprio Brasil, com a entrada de um país de médio porte, que diluiria o voto e o poder relativo dos países maiores.

O governo brasileiro, que, obviamente, não precisa sequer tocar nesse assunto publicamente, precisa cortar, no entanto - entre quatro paredes, essa hipótese, proposta, se ela realmente existir, no nascedouro.

O BRICS só permanecerá forte - e cada vez mais forte, a partir de iniciativas como a criação do Banco do BRICS, que será discutida na Cúpula Presidencial do grupo, em Fortaleza, em julho - se mantiver sua atual configuração, que lhe assegura presença e ampla cobertura, na Eurásia, no Atlântico Norte, no Extremo Oriente, na África e na América Latina.  


Nossa região já tem assento no BRICS, que está assumindo, cada vez mais, o papel de uma espécie de Conselho de Segurança dos países emergentes, rumo a um novo mundo, mais multipolar e autônomo, com relação ao Ocidente. E esse assento tem dono. Ele pertence ao Brasil.

Um comentário:

ezcontraelmundo disse...

Mauro: El PBI de Argentina es superior al de Sudáfrica (que es miembro) El PBI per capita de Argentina es superior al de todos los miembros del BRICS, así como también lo es su nivel de desarrollo humano. Antes de decir que el peso de Argentina es "Cero", no te olvides que Argentina es la puerta de Brasil a América Latina de la cual siempre estuvo disasociada y así seguiría de nos ser por la alianza que Brasil mantiene con Buenos Aires. Brasil se olvida fácilmente que Argentina es el principal destino de las manufacturas Brasileñas, siendo que al resto del mundo, Brasil sólo consigue vender materias primas. Por último pensar que Argentina tiene unas de las mayores reservas de Shale oil del mundo, y produce alimentos para 400 millones de personas con una población de sólo 40 millones, no tiene valor estratégico o peso mundial, es saber mucho de marketing, pero muy muy poco de geopolítica.