25 de set. de 2014

A ÁGUA E A SEDE




(Hoje em Dia) - O Brasil comemorou, no primeiro dia da Cúpula do Clima, na ONU, nos EUA, a redução em 79%, nos últimos 10 anos, do desmatamento. E o fato, ocorrido entre 2010 e 2013, de termos deixado de lançar na atmosfera, em média, a cada ano, 650 milhões de toneladas de substâncias que intensificam o efeito estufa, como o gás carbônico.

Lembrando que a maioria dos países desenvolvidos cresceram com base em economias sustentadas por altas emissões de poluentes - como o carvão e o petróleo - o discurso do governo brasileiro destacou também que, embora os países em desenvolvimento não queiram “repetir esse modelo”, eles não podem renunciar à luta pela melhoria das condições de vida de sua população, principalmente porque o avanço social não é incompatível com a preservação do meio ambiente.

Enquanto isso, no mesmo dia, em Itu - município com mais de 25 mil reais de renda per capita e alto Índice de Desenvolvimento Humano, situado no estado mais rico da Federação - moradores,  em sua maioria de classe média, saíram ás ruas para protestar contra racionamento de água, que já dura seis meses, e foram cercados e atingidos com balas de borracha, por uma tropa de choque da PM, depois de tentar invadir a sede do Legislativo Municipal.

Segunda-feira, a Primavera começou oficialmente, mas, segundo técnicos de organizações como o Instituto Nacional de Meteorologia e da Universidade de São Paulo,  o aumento da pressão atmosférica - que inibe a formação de nuvens - diminuirá a oferta pluviométrica e aumentará a evaporação, evitando a recuperação dos mananciais e dos níveis das represas e reservatórios da Região Sudeste até o próximo ano.

A questão da água,  em nosso país, é complexa, e até os animais - que não podem protestar, como os habitantes de Itu e de outras dezenas de cidades - sabem que a culpa não é só do clima, mas, principalmente, da ação do homem.

Desde a Descoberta, temos bebido a água da bica, e usado o rio como esgoto, como se ambos, bica e rio, não fizessem, como os lagos e os mares, parte de um mesmo sistema.

Onde haja um curso de água, desde que já esteja correndo dentro de nossas fronteiras, nele continuamos atirando impunemente nosso lixo e dejetos, humanos, agrícolas ou industriais; derrubando as árvores e a vegetação em suas margens; arrancando com jatos de água seus barrancos, no garimpo, na maior parte do tempo, infrutífero, de ouro, diamantes e outros minerais; assoreando o seu leito e envenenando suas águas com mercúrio e com agrotóxicos, a maioria deles já proibidos em outros países.

Precisamos, municípios, estados, União, combater  a destruição de nossos rios com a mesma energia e determinação com que se está tentando lutar contra o  desmatamento.  Ou quando ficarem prontas as grandes obras de irrigação que estão em curso, não haverá mais água para passar por elas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Morei algum tempo atras, em um local onde a natureza,antes exuberante, foi impiedosamente destruida pela especulação imobiliaria. O que mais me impressionou, foi a desinformação da maioria dos novos moradores e autoridades, que não se importavam com a devastação, e sentiam-se incomodados com minhas atitudes e ações em contrario. Urge um grande programa de governo, no sentido de informar melhor a população.