14 de mai. de 2015

O KC-390 DA EMBRAER E A QUEDA DO AIRBUS A-400M





(Hoje em Dia) - A queda de um avião A-400M, da Airbus, em Sevilha, na Espanha, no último sábado, que causou, infelizmente, várias vítimas fatais, poderá influir diretamente nas chances da aeronave de transporte militar KC-390, da Embraer, nos mercados internacionais.  

Embora os dois aviões tenham diferenças substanciais – o A-400M é um pouco maior, tem maior raio de ação, e é turboélice, enquanto o KC-390 da Embraer tem aviônica totalmente computadorizada (fly-by-wire) e é um jato, oferecendo mais agilidade e velocidade em missões de intervenção e emergência civil ou de defesa – eles se destinam, basicamente, para o mesmo mercado: como tanques de combustível para abastecimento em voo de outras aeronaves e no transporte de tropas e equipamentos pesados, como tanques, e pretendem substituir centenas de velhos Hércules C-130, da Lockheed Martin, que estão em operação em todo o mundo.
O custo de desenvolvimento do A-400M, previsto inicialmente em 3,453 bilhões de euros (10 bilhões de reais), subiu para 5,500 bilhões de euros (16,5 bilhões de reais) em pouco mais de sete anos, o que mostra que alterações desse tipo em projetos pioneiros e altamente tecnológicos são comuns, e não apenas no Brasil ou em empresas como a Petrobras. A Airbus, que também vende aviões civis, é uma companhia estatal, direta e indiretamente controlada pela França e Alemanha, e, marginalmente, pela Espanha, que tem uma participação de 6%. No Brasil, embora o sucesso da Embraer seja atribuído à sua privatização, quem comanda a empresa, decide e financia o desenvolvimento de seus maiores projetos, principalmente na área militar, é, também, o governo brasileiro, que detêm uma “golden share” – espécie de ação estratégica deixada por Itamar Franco – que lhe dá poder de veto em caso de venda das ações da companhia para grandes controladores estrangeiros e em decisões relacionadas à defesa nacional. Assim como o submarino nuclear brasileiro em construção, e os tanques Guarani fabricados em Sete Lagoas, ou a nova família de rifles IA-2, fabricada em Itajubá – esse avião é um projeto do governo Lula, que autorizou o seu desenvolvimento pela Embraer e a FAB e o financiamento da Finep e do – agora sob ataque – BNDES, com participação minoritária da República Tcheca, Argentina e de Portugal, que também adquiriram exemplares do KC-390.

A queda do A-400M na Espanha e a suspensão temporária de seu uso em vários países é um revés para a Airbus, que pode ter perdido para a Embraer ao menos dois clientes – a África do Sul, sócia do Brasil no BRICS, que desistiu da compra de oito A-400M, e a Suécia, parceira do Brasil no novo caça Gripen NG-BR, que já demonstrou interesse no avião brasileiro, que já está voando (vídeo) desde fevereiro.

O interessante, é que no "ocidente" o KC-390 não está despertando muita atenção, mas, no nosso sócio no BRICS, a China:

https://www.youtube.com/watch?v=qL-SzJjD76g

3 comentários:

Kleber disse...

Grande Mauro!

Acompanho há tempos o seu blog. Fiquei emocionado até com o vídeo da Embraer.
Mas, detalhe curioso. Quando clico no botão para ver no Youtube, há a mensagem de página indisponível. Por quê?
Quanto ao vídeo no final do post, digo o seguinte:
É impressionante como a imagem do Brasil é excepcional lá fora, e miserável aqui dentro. Isto é o que acontece quando temos a "mírdia" que temos...

Trabalho fantástico! Deixo a você o meu abraço!

Sacco disse...

Santayana, quisera eu que o KC390 tivesse especificações mais próximas do A400. O volume e peso de carga e a autonomia (sem reabastecimento - REVO) em MTOW, além da manutenção (são necessários 2 KC390 para levar a carga de 1 A400) fazem com que se destinem a clientes distintos. O Embraer leva vantagem onde o Airbus não a tem e vice versa. Não vai ser esse acidente isolado que irá selar o destino dos 2 aviões. Até porque nem toda a frota do A400 foi groudeada - a França os mantém em voo.

Outro fato poderá mudar esse cenário: a França e a Alemanha compraram uma quantidade muito maior dos A400 do que realmente usarão. Esses aviões serão estocados para repasse, provavelmente abaixando o valor de venda, como os EUA fazem com a Lockheed, Boeing etc. A diferença é que se a tecnologia de caças estocados dos EUA se defasam rapidamente, os cargueiros não.

Há ainda outro fator, caso eu esteja errado e o KC390 seja uma opção ao A400, teremos então que alargar os horizontes para os Antonov An70, An178 e para os demais, projetos russos, chineses e japoneses.

Mauro Santayana disse...

Obrigado, Kleber e Sacco, pelo apoio e informações. Kleber, há várias versões desse vídeo no Youtube, Sacco, concordo com suas observações, principalmente no tocante às diferenças entre as duas e outras aeronaves do tipo, mas o importante é que também estamos nessa disputa, como mostra o vídeo da televisão chinesa.

abs,