4 de jun. de 2015

OS EUA E A LIBERDADE





(Hoje em Dia) - O Senado dos Estados Unidos vota, a toque de caixa, uma nova lei que permita renovar a licença do governo norte-americano para espionar dados e movimentos de seus cidadãos sem necessidade de autorização judicial, expirada na semana passada, e de fazer o mesmo com cidadãos e autoridades estrangeiras – como fez com o Brasil e a Alemanha, entre outros países- mesmo depois das denúncias de Edward Snowden.

Na semana passada, os senadores haviam rejeitado a extensão do Patriot Act, considerado excessivamente rígido, promulgado pelo presidente Bush logo após os atentados terroristas de 11 de setembro.

O “establishment” norte-americano não suporta os diferentes, os rebeldes, os insatisfeitos, e precisa de uma lei que ajude a dominar e a manter sob rédeas seus próprios cidadãos, eliminando rapidamente qualquer contestação, como se viu no caso do Movimento Occupy Wall Street, em 2011.

Assim como precisa de leis que lhe permitam combater quem, em outros países, se opõe ao domínio norte-americano sobre o mundo.

Ao implantarem uma cyber-ditadura futurista, votando leis que agridem a liberdade de seus cidadãos e estendem, com base unicamente na suposição de sua força, a jurisdição de seus órgãos de segurança para outros países, como se não houvesse outra bandeira e fronteiras além das suas, os EUA tratam todas as nações e povos do mundo como inimigos, e dão o direito moral a todos os países do mundo de espionar cidadãos norte-americanos em seus territórios e no próprio território norte-americano.

Pródigos em usar o discurso da liberdade em defesa de seus interesses e dos interesses de suas grandes empresas e de seus donos, os Estados Unidos fazem questão de negar dois princípios fundamentais da liberdade humana: primeiro, o de que não se pode agredir, violentar, eliminar a liberdade, sob o pretexto de defendê-la, restringindo direitos, entre eles o de ir e vir e o da privacidade, de cidadãos que ainda não foram julgados ou condenados por seus supostos crimes.

O segundo, é o de que, quando se defende a liberdade, defende-se também o direito do outro a pensar, viver e agir de forma diferente àquela que pensamos, vivemos e agimos, na linha da afirmação incorretamente atribuída a Voltaire pela leitura do livro da escritora britânica Evelyn Hall a respeito do filósofo francês de que “eu discordo do que você diz, mas vou defender até a morte seu direito de o continuar dizendo”.


Se os Estados Unidos procurassem entender melhor o mundo no lugar de confrontá-lo, e se despissem da condição de tutores iluminados nomeados por Deus para reger o planeta, aceitando a liberdade dos outros e suas eventuais diferenças com o espírito e o estilo de vida norte-americano, não teriam que espionar países teoricamente amigos ou teoricamente inimigos, nem precisariam de uma lei “antiterrorismo” para combater “terroristas” que eles mesmos “fabricaram” para destruir seus desafetos, como é o caso do Estado Islâmico.

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