25 de set. de 2012

OS AEROPORTOS E OS ESTRANGEIROS


A imprensa noticia que o Governo pretende mudar, mais uma vez, o modelo de concessão dos aeroportos do Galeão, no Rio de Janeiro, e de Confins, em Belo Horizonte, para atenuar o suposto “mau humor” de empresas operadoras multinacionais, que não estariam aceitando associar-se minoritariamente à Infraero para a administração dos negócios.
Para diminuir essa resistência, a idéia seria reservar 51% das ações para os estrangeiros, e 49% para Empresa Brasileira de Administração Aeroportuária, embora com “golden share” que fizesse valer a vontade do Estado, sempre que necessário. A primeira pergunta que se faz, é por que, no caso dos aeroportos, se pretende seguir o modelo da telefonia, em que o Estado banca, via BNDES, a maior parte do financiamento. Nesse modelo, os estrangeiros entram com quase nada na expansão de infraestrutura e melhoria de serviços, e gordas remessas de lucro são enviadas todos os anos para o exterior, prejudicando o nosso balanço de pagamentos. É o que tem ocorrido, por exemplo, com empréstimos de bilhões de reais para a Vivo (Telefónica) da Espanha.
Não é possível que, com grandes empresas brasileiras de engenharia pesada construindo aeroportos em países de primeiro mundo, como é o caso de Miami, ou empresas de capital nacional administrando aeroportos fora do país, exija-se, como condição necessária para a
modernização de nosso sistema aeroportuário, a presença de empresas estrangeiras.
Existe a percepção de que, no futuro os serviços prestados aos passageiros, e a própria expansão dos aeroportos, serão financiados pela transformação de suas instalações em grandes complexos comerciais, englobando shopping- centers, hotéis, e o serviço de transporte terrestre de passageiros. O Brasil tem enfrentado problemas em seus aeroportos, não por incompetência, mas porque o número de passageiros cresceu anualmente, a um ritmo chinês de dois dígitos, na última década. Centenas de milhares de pessoas que antes nunca haviam feito uma viagem aérea passaram a fazê-lo, com a melhoria do poder aquisitivo da população.
Se a Infraero desenvolveu know-how ao longo do tempo na operação de aeroportos, se o BNDES está entrando com a maior parte do dinheiro, se temos algumas das maiores construtoras e administradoras de hotéis, centros de negócios e shopping-centers do planeta, por que não reunir esse pessoal em consórcios e deixá-los apresentar seus projetos? Temos uma engenharia que já construiu rodovias e ferrovias no meio do deserto, no Oriente Médio; levantou a maior usina hidrelétrica do mundo, em Itaipu, e é pioneira na perfuração de poços de petróleo a profundidades nunca antes atingidas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Prezado Santayana,

No que tange à perfuração de poços de petróleo a grandes profundidades, tanto em terra quanto no mar, o trabalho tem sido feito, há quase vinte anos, por empresas estrangeiras. À Petrobras cabe apenas o projeto do poço. A perfuração já não é mais nossa há muito tempo.

Grato por sua atenção,

Marco Rocio