2 de mar. de 2014

A ECT, A ITÁLIA E A TELEBRAS.


(Hoje em Dia) - A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, anunciou, há alguns dias, a assinatura de joint venture com a Poste Italiane, os correios estatais da Itália, para explorar – entre outros serviços correlatos  - o mercado brasileiro de telefonia celular virtual.

Conhecendo-se a tradicional benevolência do Ministro Paulo Bernardo com as multinacionais de telecomunicações, em casos como a proteção do mercado de tv a cabo; flexibilização de regras e obrigações; e vultosos empréstimos públicos a juros subsidiados para o financiamento de sua expansão no país, enquanto elas remetem bilhões de dólares em lucro para o exterior, cabe perguntar:


Com que critérios foi feita a escolha da Poste Italiane ?

Por que estrangeiros foram escolhidos para ficar com 51% das ações, e foi dado à Poste Italiane, e não à ECT o controle do negócio, se a empresa vai operar no Brasil ?


Já que a Poste Italiane pertence ao governo italiano e 100% de suas ações são estatais – se fosse privada seria muito pior – por que fechar essa parceria necessariamente com ela, e não com uma estatal de outro país, como a Deutsche Post, da Alemanha – a maior do mundo, dona da DHL - ou a China Post, por exemplo ?


Para a ECT entrar nesse mercado, ela estava  necessariamente obrigada a se associar a uma empresa estrangeira ?


Ou não poderia simplesmente – caso fosse imprescindível - ter contratado serviços alheios para a montagem de seu sistema, sem necessariamente abrir mais um pedaço de nosso mercado a uma empresa de fora que vai acabar enviando seus lucros para o exterior ?


Os correios, com um faturamento de mais de 10 bilhões de reais por ano, não teriam os recursos – cerca de 150 milhões de reais iniciais - para entrar sozinhos no negócio, sem precisar se associar aos italianos ?


E, por último, se estamos – finalmente – perdendo o prurido de trabalhar com empresas estatais de outros países, controladas por governos estrangeiros, por que não fazer o mesmo com uma estatal brasileira, que é do ramo, como a Telebras ?


Fazendo a joint venture com os italianos, o governo não estaria jogando pela janela - queimando mesmo e esperamos que de forma não proposital - uma oportunidade única para relançar comercialmente a  Telebras ?


Colocando-a para competir, mesmo que marginalmente, com as multinacionais que estão controlando o mercado nacional de telecomunicações, e que nos brindam com péssimos serviços – das mais baixas velocidades de conexão de internet do planeta – combinados a algumas das mais altas tarifas do mundo ?


Alguém duvida do imediato sucesso de qualquer produto associando duas marcas históricas, emblemáticas, do ponto de vista da credibilidade e confiabilidade, como a ECT e a Telebras, em qualquer ponto do território nacional ?
  

Por que não aumentar o capital, incluindo a Telebras ? 

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2 comentários:

Beto Johann disse...

Mauro, algumas atitudes desse Governo são decepcionantes. Pra dizer pouco. E isso que sou um brasileiro feliz com a era Lula/Dilma.

Unknown disse...

A respeito da publicação “A ECT, a Itália e a Telebras”, de 2 de março, os Correios esclarecem que a escolha da Poste Italiane como parceira para exploração do mercado brasileiro de telefonia móvel virtual baseou-se em estudos técnicos que levaram em consideração a experiência bem-sucedida da Poste Mobile — lançada em 2007, é hoje a líder no mercado de MVNO italiano com três milhões de clientes.

Os Correios não ficaram com a participação acionária majoritária porque a telefonia móvel virtual não é a atividade fim da ECT — e sim uma atividade acessória, que visa rentabilizar a rede de agências já instalada pelo Brasil, aumentando a receita da empresa de modo a garantir sua sustentabilidade e sua atividade fim: a entrega de correspondências em todo território brasileiro a tarifas acessíveis. Mesmo sendo minoritários na sociedade, os Correios serão majoritários do ponto de vista do faturamento, pois serão remunerados tanto pelo resultado da nova empresa quanto pelas vendas realizadas na sua rede de agências.

Os Correios valorizam as parcerias nacionais, dentro do ramo de atividade de cada órgão. Em seu processo de revitalização e diversificação de atividades, em 2013 os Correios firmaram parcerias com a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), o Banco do Brasil e a Apex-Brasil, todos órgãos do governo federal.

E em abril de 2013, os Correios fecharam parceria com a Telebras para compartilhamento de espaços físicos, infraestrutura, recursos e conhecimentos para apoiar a implementação do Programa Nacional de Banda Larga – PNBL, a universalização dos serviços postais e a infraestrutura de telecomunicações necessárias aos grandes eventos internacionais esportivos que o País irá sediar nos próximos meses.