7 de dez. de 2015

O IMPEACHMENT E A DIVISÃO DA OPOSIÇÃO.

 



Quando ainda se fazia política no país, antes do vale tudo em que se transformou a luta pelo poder nesta Nação, havia um velho homem público mineiro que, no rastro de  Salomão, gostava de dizer que a política é como as estações do ano.


Há o tempo de semear e o tempo de ceifar.


O tempo de colher e o tempo de moer.


O tempo de misturar e bater a massa.


E o de acender o forno para assar e comer o que se preparou.


O bom da Democracia, é que, a não ser que ocorram tragédias de grandes proporções, ela, como o clima, oferece um calendário próprio,   que pode servir de parâmetro, para os mais argutos e prudentes, no estabelecimento de um necessário e cada vez mais desprezado – como meio - plano de rota, que possa levar ao objetivo que se pretende alcançar.


O aumento da temperatura, ou efeito estufa, na cena política, que pode acabar prejudicando tanto a gregos como troianos, ocorre quando o papel dos partidos – espera-se que cada um tenha sua própria visão e seu próprio projeto para o país – é substituído por uma briga de foice em que um monte de cidadãos, individualmente, acredita que pode alcançar a Presidência da República, não interessando o momento ou o meio que vai utilizar para chegar lá.


Há impeachments e impeachments.


Na época do impedimento do Presidente Fernando Collor, havia um vice-presidente conciliador, em torno do qual se reuniu uma ampla aliança nacional, que era tão correto que se recusou a forjar uma alteração na constituição que lhe permitisse manter-se no poder por mais um mandato, e cujo maior erro - como depois admitiria mais tarde - foi escolher como sucessor um indivíduo que usurparia a maior conquista de seu governo, o Plano Real, e que, no lugar de cumprir o compromisso que tinha com ele de apoiá-lo para o pleito seguinte, tanto fez para não largar a rapadura que chegou até mesmo a ser acusado de comprar votos no Congresso para aprovar a lei que permitiu sua reeleição.


Hoje, em caso do impedimento da Presidente Dilma, não há, como havia à época de Itamar Franco, o mesmo consenso em torno da figura do Vice-Presidente Michel Temer.


O maior partido de oposição – teoricamente o mais interessado na saída de Dilma – apresentou, no TSE, pedido de cassação da chapa Dilma-Temer, vitoriosa nas eleições de um ano atrás, propondo a anulação do resultado e requerendo que se lhe entregue o poder, como coligação mais votada.


Os tucanos querem a saída de Dilma, mas cada um em seu tempo e a seu modo.


Se pudessem, prefeririam evitar a substituição da presidente por um vice que tem tudo para articular rapidamente a simpatia e as boas graças do “mercado”.


Que depois poderia ser apresentado, contando com a estrutura de um dos maiores partidos do país, como um fortíssimo candidato nas eleições de 2018.


Para Alckmin, e para José Serra, que estão de olho no Planalto, isso não seria bom.


Alguns jornais informam que Serra pretende ser o Ministro da Fazenda de Temer, e seu candidato a Presidente, pelo PMDB.


Mas aquele que já foi por duas vezes candidato pelo PSDB, como diria Garrincha, ainda não “combinou com os russos”, e muita água tende a rolar debaixo das pontes do Tietê antes que isso venha a ocorrer.


Serra teria que vencer a resistência da ala mais nacionalista do partido,  de construir algum tipo de liderança nele, sobrepondo-se a possíveis rivais, além de contar com a recusa de  Michel Temer de continuar ocupando um lugar no qual já estará há algum tempo, com todas as prerrogativas que lhe reserva o cargo mais importante da República.


Temer na Presidência, aliado a Serra, não seria desejável para Aécio Neves, que está na frente nas pesquisas de intenção de voto, entre os eventuais pré-candidatos.


E, muito menos, ainda, para eventuais concorrentes “independentes” que aparentemente correm “por fora”, mas que têm um enorme apelo para o voto conservador e de extrema-direita nascido da campanha anti-petista dos últimos anos.


Entre eles, pode-se nomear - por enquanto - Jair Bolsonaro e o próprio Juiz Sérgio Moro, que dividem os apelos “Bolsomito 2018”, e “Moro Presidente”, no espaço de comentários dos grandes portais nacionais, de onde a militância do PT desapareceu.


Para muitas lideranças anti-petistas, ou com aspirações a sentar na principal cadeira do Palácio do Planalto, ideal seria que o governo Dilma “sangrasse”, atacado pela mídia conservadora nacional e estrangeira, pelos internautas fascistas, pela sabotagem econômica e no contexto judicial, pelos entreguistas e privatistas, e pelos oportunistas de todo tipo, até o último dia de seu mandato.


Assim, eles teriam tempo para o fortalecimento de seus respectivos cacifes com vista a 2018, disputando entre si a preferência dos neoliberais, dos neo-anticomunistas, dos anti-petistas, dos anti-“bolivarianos”, dos anti-estatistas, dos anti-desenvolvimentistas e dos anti-nacionalistas de plantão.


Um público cada vez mais radical, manipulado e desinformado que tem tudo para crescer como fungo, já que não existe nenhuma oposição ou reação estratégica, judicial, ou na área de comunicação minimamente detectáveis, por parte da esquerda – reunida quase que exclusivamente em seus próprios blogs, grupos e páginas de redes sociais - ou do Partido dos Trabalhadores em portais de maior audiência, como o UOL, o IG, o Terra, o MSN e o G1.


O grande problema do PT no Brasil é a internet, onde perdeu, sem esboçar qualquer reação coordenada – a batalha da comunicação.   

De nada adianta o ex-presidente Lula processar na justiça certo "historiador" de oposição por calúnias proferidas em uma entrevista, se dezenas, centenas, de internautas continuam a atirar contra ele os mesmos insultos e as mesmas mentiras, impunemente, todos os dias, sem serem interpelados judicialmente da mesma maneira. Se o primeiro deles tivesse sido impedido, na forma da lei, desde o início, o PT - e a própria Democracia, vilipendiada com pedidos de "intervenção militar" e a defesa pública da volta da ditadura e da tortura - não estariam na situação institucional em que se encontram.    

O grande drama da oposição no Brasil é o que fazer com o impeachment.


Se Dilma sair do Palácio do Planalto agora, ficará difícil manter, contra Temer, a mesma campanha uníssona que existe, hoje, na imprensa e nos maiores portais da internet – por parte dos internautas de direita - contra o PT.


Os ataques sofridos pela Presidência da República tenderiam a diminuir, e a enfraquecer em seu ódio e veneno, já que não daria, simplesmente, para transferir para esse novo Presidente da República, o papel de Geni encarnado pelo PT até agora. 

Finalmente, com Dilma fora do Planalto, será praticamente impossível manter a unidade das forças anti-petistas, que tendem a se lançar em uma guerra fratricida pelo Palácio do Planalto, que Michel Temer, do alto da cadeira presidencial, em caso do enfraquecimento de Lula, e de fragmentação da oposição, teria grande chance de vencer em 2018.    

4 comentários:

Anônimo disse...

Grande Mauro como sempre!

Titus Schieren

Unknown disse...

Dilma Rousseff contra as almas sebosas

Publicado no Brasil 247

Até aqui, o roteiro do impeachment seguiu a lógica previsível.

A iniciativa de Eduardo Cunha é consequência da pressão oportunista que ele sofreu do Judiciário, ávido para atingir os objetivos políticos da Lava Jato antes que o apuro dos tucanos esvazie a operação. A esquisita prisão de Delcídio Amaral deixou sinais de que as cortes já não conseguem lidar com a ansiedade dos bastidores investigativos.

Também o momento de prorrogação da crise obedece ao propósito original de manter o governo acuado, atingindo-o exatamente quando ele ameaçava recuperar alguma estabilidade. Por isso mesmo, recessos, “pedidos de vista” ou quaisquer adiamentos no desfecho da questão favorecem apenas o projeto reacionário.

As passeatas legalistas comprovarão seu papel decisivo no sepultamento do golpe. Nem tanto por causa da suposta resistência ao fato consumado, mas principalmente por anteciparem a força oposicionista que um novo governo enfrentaria. Esse aspecto será decisivo para o posicionamento do empresariado e do campo jurídico no embate.

O governismo agora precisa de união e iniciativa. Ambas se conquistam superando as desavenças com certa esquerda reticente e assumindo sem hesitações o pólo republicano da disputa. A mídia tentará descolar Cunha do processo para anular o antagonismo ético em jogo. Eis o ponto central da narrativa do impeachment.

Daí a importância de o Planalto não cair na armadilha de transformar Michel Temer em adversário direto. Ele é o representante ideal que o golpismo procura. Ao mesmo tempo, suas conspirações têm apelo restrito. O vice pode barganhar apenas um futuro incerto de crise e conturbação social. Dilma guarda poder efetivo, de materialização imediata.

Isso nos conduz ao fato de que a luta será decidida no Congresso Nacional. Ali não funciona brandir méritos jurídicos ou minúcias técnicas. A pressão sobre os parlamentares deve atingir os respectivos interesses nas eleições do ano que vem. Os candidatos e seus financiadores não querem passar 2016 justificando exonerações de correligionários e o apoio à chantagem de um notório contraventor.

Sabendo colocar-se como adversária da irresponsabilidade e da sordidez política, Dilma conseguirá ao menos preservar o cargo. Mas esta seria uma vitória frustrante, quase nula em médio prazo, se o governo continuar fraco e isolado. A luta abrange a preservação da agenda progressista endossada pelas urnas. O que temos adiante é o desfecho da campanha eleitoral mais longa e ruinosa de nossa história republicana.



http://www.guilhermescalzilli.blogspot.com.br/

Anônimo disse...

ENQUANTO ISSO:
O corrupto que hoje jogou dinheiro pela janela, quando a PF chegou no seu apartamento em Recife, também fez especialização em corrupção no governo do FHC:
vejam o currículo dele:
http://www.hemobras.gov.br/site/downloads/cv_romulo_1.pdf

Se a PF quisesse mesmo pegar corruptos seria muito fácil.
Fechem as saidas dos condominios de alto luxo (de casas e de apartamentos) sem avisar os condôminos e depois mande os poteiros avisarem todos condôminos que a PF está chegando e vai vistoriar com autorização da dajustiça, vários apartamentos ou casas.
Depois é só pegar na rua todos que estão fugindo rapidamente com seus carróes, motos, malas, sacolas e documentações.

Anônimo disse...

OS DEFENSORES DA DEMOCRACIA DEVEM NO DIA 16 SE PREVENIREM CONTRA OS OPOCIONISTAS QUE DEVERÃO ESTAR INFILTRADOS PARA VANDALIZAREM. DESCONFIEM DE TODOS QUE AGIREM ESTRANHAMENTE.
DESCONFIEM DE MOCHILEIROS. DESCONFIEM DE MASCARADOS.
LEMBREM-SE QUE EM SÃO PAULO A POLICIA É TUCANA E COMANDADA POR TUCANOS. LEMBREM-SE QUE OS TUCANOS PAULISTAS E PAULISTANOS SÃO A ELEITE FINANCEIRA DO BRASIL E QUE SEMPRE TEM MUITA GRANA SOBRANDO PARA PAGAR BLACKBOKS E ARRUACEIROS.
LEMBREM-SE QUE LEMAN AMIGO DO SERRA JÁ FINANCIOU GRUPOS DE OPOSITORES COM FAIXAS E CARTAZES.
ELES NÃO TEM SENSO DE HUMANISMO E HUMANIDADE E SÓ LHES INTERESSA O PODER E O DINHEIRO.