8 de jun. de 2012

O USO ESTRATÉGICO DO BNDES, A RECUPERAÇÃO DA BOVESPA E O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO NACIONAL.


O BNDES não tem sido utilizado como poderia para enfrentar os desafios advindos da crise no Ocidente, e do desenvolvimento do Brasil nos próximos anos.

A utilização de recursos do banco, ou do Fundo Soberano, para a compra de ações de primeira linha - como as da Vale e da Petrobras - que estão abaixo de seu valor real, poderia compensar a saída de investidores estrangeiros da BOVESPA, o que ajudaria a evitar sua desvalorização, que , só neste ano, já passa de 20%. A providência seria um incentivo ao seu “descolamento” do que, nesse campo, vem ocorrendo na Europa e nos Estados Unidos. Ajudaria, também, a diminuir a volatilidade que tanto favorece aos especuladores.

Em outra frente, não se justifica baixar o índice do conteúdo nacional mínimo exigido nas encomendas de equipamento pela Petrobras para o pré-sal, porque a iniciativa privada estrangeira não está aceitando instalar-se aqui, ou porque o país, a exemplo do que se passa na indústria naval, não tem encontrado parceiros no exterior para ajudar a tocar os grandes projetos do setor.

Petróleo, indústria naval, indústria aeroespacial e de defesa são setores estratégicos que devem ser tratados com prioridade estratégica. Já passou da hora de o Brasil quebrar a espinha dorsal do boicote internacional à transferência de tecnologia de ponta para o país.

Estamos atrasados na constituição, com recursos do tesouro, via BNDES, de grandes estatais estratégicas para atuar nesses setores. Isso ocorre na Europa, com a EADS (Companhia Européia de Defesa Aeronáutica e do Espaço, constituída de empresas privadas estratégicas) , ou como já fazem há tempos os nossos sócios do BRICS.

Seriam empresas estatais com o poder de contratar diretamente, lá fora, mão de obra especializada, capaz de acelerar a produção aqui mesmo, das plataformas, navios, foguetes e armas de que o Brasil precisa,para dar o grande salto para o futuro, e de transferir, em novas universidades públicas igualmente especializadas, conhecimento avançado para a nossa juventude.

Com a crise na Europa e também nos Estados Unidos, existem milhares de técnicos, engenheiros e cientistas, desempregados ou aposentados, que poderiam ser diretamente contratados por estatais brasileiras para ajudar a desenvolver, aqui mesmo, novos laboratórios e equipamentos de que necessitamos, para o avanço da tecnologia nacional de ponta.

O Brasil precisa aproveitar essa janela de oportunidade para lançar um programa de recrutamento em áreas prioritárias, que possa ser executado com o apoio de nossas embaixadas no exterior.

Os Estados Unidos fizeram isso, no passado, sempre que precisaram, e nunca se envergonharam de aplicar tal estratégia, como ocorreu, por exemplo, no desenvolvimento da bomba atômica, e do programa espacial norte-americano, que só puderam ser desenvolvidos graças ao recrutamento de cientistas estrangeiros, como o nazista Werner Von Braun, criador das bombas voadoras que atingiram a Inglaterra e que foram os protótipos dos mísseis intercontinentais. Toda a tecnologia espacial da NASA começou com a cooptação de Von Braun.

Um comentário:

Anônimo disse...

O von Braun foi para os EUA numa das levas da operação Paperclip - http://en.wikipedia.org/wiki/Operation_Paperclip -, junto com muitos outros cientisitas de ponta nas áreas de balística/foguetes, aeronáutica, medicina, eletrônica, entre outras.

O Vaticano, por meio das "ratlines", esteve diretamente envolvido com a fuga dos cientistas - http://en.wikipedia.org/wiki/Ratlines_(history).

Mais um exemplo da indissolúvel relação entre religião e política, e, nesse caso, ciência. Há um esforço gigantesco para convencer os tolos de que a religião se separou da política e da ciência. Mentira. Estão unidas, muito unidas, como sempre estiveram, cooperando e de mãos dadas (usualmente por meio de cumprimentos maçonicos).

Sociedades secretas são, também, religiosas. Há uma intepenetração profunda entre as maçonarias da vida, política, religião e ciência. A essa altura, isso é de uma obviedade gritante.

Enquanto continuarmos lendo as abobrinhas dos livros de "história", continuaremos incapazes de concebermos um planejamento nacional sensato. Quem cria uma visão de mundo baseada no que é ensinado em matéria de História, Geografia, Política, Economia, etc. nos marcos do sistema educacional ocidental prussiano-americano é incapaz de pensar estrategicamente.

Essa escola e essa universidade - reforçadas pela mídia -, em se tratando dessas áreas essenciais à formação da visão de mundo, constituem uma espécie de vacina que incapacita intelectualmente o homem.

Quase todas as nossas debilidades políticas nacionais remontam ao deplorável quadro de vulnerabilidade ideológica que caracteriza nossa sociedade.

É nos renegados, nos autodidatas e nos rebeldes intelectuais que devemos depositar as esperanças de autonomia político-estratégica.

Pena que para cada Mauro Santayana, para cada José Carlos de Assis, para cada Carlos Lessa existam 1.000 maílsons da nóbrega.