25 de dez. de 2013

O BRASIL E O ASILO A SNOWDEN


(HD) - Um dos principais assuntos da semana, foi a realização de uma reunião da Presidente Dilma,  para analisar o asilo a Edward Snowden, em troca de informações sobre as atividades de espionagem da NSA contra cidadãos e autoridades brasileiras.
O assunto surgiu a partir de uma “carta aberta” de Snowden ao povo brasileiro, publicada na  “Folha de São Paulo”, e do lançamento de uma campanha em defesa do asilo a ele, com a coleta de assinaturas e o uso de  máscaras que reproduzem sua face.
O texto renovou as denúncias a propósito dos riscos que corremos – nós e pessoas de outras nacionalidades - de termos nossas comunicações interceptadas, todos os dias, e de sermos até mesmo chantageados pelos EUA, por nossas atividades na internet.
Ela foi, também, uma mensagem de gratidão ao  governo brasileiro, pela atenção dada às denúncias de pelo empenho demonstrado, nas Nações Unidas, para atuar com firmeza em defesa da privacidade como um direito fundamental de todo ser humano.
O que mais chamou a atenção, no entanto, foi a parte em que Snowden afirmava, com relação às investigações que estão sendo realizadas pelo governo brasileiro:
“Expressei minha disposição de auxiliar quando isso for apropriado e legal, mas, infelizmente, o governo dos EUA vem trabalhando arduamente para limitar minha capacidade de fazê-lo, chegando ao ponto de obrigar o avião presidencial de Evo Morales a pousar para me impedir de viajar à América Latina. Até que um país conceda asilo político permanente, o governo dos EUA vai continuar a interferir com minha capacidade de falar.”
Esse trecho foi interpretado como uma espécie de barganha, por meio da qual Snowden estaria oferecendo sua colaboração e informações, em troca de eventual concessão de asilo, pelo governo brasileiro.
Hipótese que foi rapidamente desmentida pelo jornalista Gleen Greenwald, espécie de porta-voz oficioso de Snowden, que afirmou, que, na verdade, ele estaria apenas explicando sua impossibilidade de vir ao Brasil pessoalmente, devido à implacável perseguição que lhe é movida pelo governo norte-americano.   
Ao tratar o assunto como uma questão de Estado,  o Brasil poderia estar superestimando o fato e caindo em uma armadilha diplomática e institucional. O asilo a Snowden, só se justifica por razões humanitárias, caso estivesse correndo risco de vida, na Rússia, onde está agora, o que não é o caso.  Aceitá-lo, em troca de informações, equivaleria moralmente a equiparar-nos aos EUA, fazendo o que eles fizeram conosco, que foi meter o bedelho em nossos assuntos internos. 
A mensagem mais importante da carta de Snowden está no final, quando ele declara:
“Se o Brasil ouvir apenas uma coisa de mim, que seja o seguinte: quando todos nos unirmos contra as injustiças e em defesa da privacidade e dos direitos humanos básicos, poderemos nos defender até dos mais poderosos dos sistemas.”   

Este texto foi publicado também nos seguintes sites:





 


3 comentários:

Anônimo disse...

Sabias palavras Mestre Mauro. Aqui no Brasil, se formaria uma fila de candidatos a dar um sumico no Snowden. Na Russia ele esta segurooo.

Salito disse...

Lá em julho, no meu blog, tratei de repudiar o gesto covarde do Itamaraty, pelo seu chefe, quando de pronto afastou a hipótese de asilo. Bem feito: logo vieram novas revelações, onde a presidente Dilma foi exposta, como a outros. Defendo o asilo.
A propósito, acabei de citá-lo, ao senhor, no blog, numa doce lembrança de Mário Palmério. Veja: http://aindaespantado.blogspot.com.br/2013/12/saudade-mario-palmerio.html
Abraço.

Anônimo disse...

O americano Edward Snowden sabe que o maior perigo fica nos países aliados dos Estados Unidos, incluindo os da Europa. Claro, ele pode se sentir melhor adaptado em outro país. A oferta do asilo é algo bom, e quanto mais, melhor, amplia o debate, etc. Mas, o fundamental para ele é a garantia da segurança no amplo sentido da palavra. Snowden corre grande risco pessoal, entre eles, o risco de sequestro e até de morte. No geral, o asilo na Rússia é o mais seguro e de menor risco. Assim, o mais seguro seria transformar o asilo provisório em definitivo. Ele merece vir para o Brasil, quanto a isto nenhuma dúvida, mas, no que se refere ao quesito segurança seria perigoso, vejamos. Imaginemos agora que a presidenta Dilma Rousseff conceda o asilo, direito constitucional dela, que tem a última palavra neste assunto. Em seguida, o governo americano pede a extradição, então o governo brasileiro nega. Depois disto, chega um pedido de apelação para o atual STF, imagine o rebu que alguns ministros deste tribunal fariam, seria o mesmo que passar manteiga em venta de gato esperando que o gato não fosse lamber. Além disto, tem o problema de transportar Snowden em segurança até o Brasil, sem o avião ser forçado a descer em algum aeroporto, conforme já fizeram com o avião presidencial da Bolívia, tendo a bordo o presidente Evo Morales. Tem outros problemas, mas, por enquanto vamos ficar por aqui. Portanto, essa conversa sobre adaptabilidade ao país é algo secundário, parece um ardil, algo elaborado por agências de espionagem do tipo CIA e NSA. [Chico Barauna, 26-12-2013].