3 de mar. de 2015

O PAPA E O ESTRUME DO DIABO







(Jornal do Brasil) - O Papa Francisco está sendo amplamente atacado na internet, por ter dito, em  cerimônia, em Roma, que “o dinheiro é o estrume do diabo” e que quando se torna um ídolo “ele comanda as escolhas do homem".

Acima e abaixo da cintura, houve de tudo. 

De adjetivos como comunista, “argentino hipócrita”, demagogo e outros aqui impublicáveis, a sugestões de que ele se mude para uma favela, e - a campeã de todas - que distribua para os pobres o dinheiro do Vaticano. 

É cedo, historicamente, para que se conheça bem este novo papa, mas, pelo que se tem visto até agora, não se pode duvidar  de que daria o dinheiro do Vaticano aos pobres, tivesse poder para isso, não fosse a Igreja que herdou dominada por nababos conservadores colocados lá pelos dois pontífices anteriores, e ele estivesse certo de que essa decisão fosse resolver, definitivamente, a questão da desigualdade e da pobreza em nosso mundo. Inteligente, o Papa sabe que a raiz da  miséria e da injustiça não está na falta de dinheiro mas na falta de vergonha,  de certa minoria que possui muito, muitíssimo,  em um planeta em que centenas de milhões de pessoas ainda vivem com menos de dois dólares por dia. 

E que essa situação se deve, em grande parte, justamente à idolatria cada vez maior pelo dinheiro, o estrume do Bezerro de Ouro que estende a sombra de seus cornos sobre a planície nua, os precipícios e falésias do destino humano.               

Em nossa época, deixamos de honrar pai e mãe, de praticar a solidariedade com os mais pobres, com os doentes, com os discriminados e  os excluídos, para nos entregar ao hedonismo. 

Os pais transmitem aos filhos, como primeira lição e maior objetivo na existência, a necessidade não de sentir, ou de compreender o mundo e a trajetória mágica da vida - presente maior que recebemos  de Deus quando nascemos - mas, sim, a de ganhar e acumular dinheiro a qualquer preço. 

Escolhe-se a escola do filho, não pela abordagem filosófica, humanística, às vezes nem mesmo técnica ou científica, do tipo de ensino, mas pelo objetivo de entrar em uma universidade para fazer um curso que dê grana, com o objetivo de fazer um concurso que dê grana, estabelecendo, no processo, uma “rede” de amigos que têm, ou provavelmente terão grana

Favorecendo, realimentando,  uma cultura voltada  para o aprendizado e o compartilhamento de símbolos de status  fugazes e vazios, que vão do último tipo de smartphone ao nome do modelo do carro do papai e da roupa e do tênis que se está usando. 

O que determina a profissão, o que se quer fazer na vida, é o dinheiro. 

Escolhe-se a carreira pública, ou a política, majoritariamente, pelo poder e pelas benesses, mas, principalmente, pelo dinheiro. 

Montam-se igrejas e seitas, também pelo poder, mas, sobretudo, pelo dinheiro.

Até mesmo na periferia, assalta-se, mata-se, se morre ou se vive - como rezam as letras dos funks de batalha ou de ostentação - pelo dinheiro. 

Para os mais radicais, não basta colocar-se ao lado do capital, apenas como um praticante obtuso e entusiástico dessa insensata e permanente “vida loca”. 

É necessário reverenciar aberta e sarcasticamente o egoísmo, antes da solidariedade, a cobiça, antes da construção do espírito, o prazer, antes da sabedoria. 

É preciso defender o dindin - surgido para facilitar a simples troca de mercadorias - como símbolo e bandeira de uma ideologia clara, que se baseia na apologia da competição individual desenfreada e grosseira, e de um “vale tudo” desprovido de pudor e de caráter, como forma de se alcançar riqueza e glória, disfarçado de  eufemismos que possam ir além do capitalismo, como é o caso, do que está mais na moda agora, o da “meritocracia”. 

Segundo a crença nascida da deturpação  do termo, que atrai, como um imã, cada vez mais brasileiros, alguns merecem, por sua “competência”, viver, se divertir, ganhar dinheiro. Enquanto outros não deveriam sequer ter nascido - já que estão aqui apenas para atrapalhar o andamento da vida e do trânsito. Melhor, claro,  se não existissem - ou que o fizessem apenas enquanto ainda se precise - ao custo odioso de quase 30 dólares por dia - de  uma faxineira ou de um ajudante de pedreiro.   

O capitalismo está se transformando em ideologia. Só falta que alguém coloque o cifrão no lugar da suástica e  comece a usá-lo em estandartes, lapelas e braçadeiras, e que em nome dele se exterminem os mais pobres, ou ao menos os mais desnecessários e incômodos, queimando-os, como polutos cordeiros, em fornos de novos campos de extermínio. 

Disputa-se e proclama-se o direito de ter mais, muito mais que o outro, de receber de herança  mais que o outro, de legar mais que o outro, de viver mais que o outro, de gastar mais que o outro, e, sobretudo, de ostentar, descaradamente, mais que o outro. Mesmo que, para isso, se tenha de aprender dos pais e ensinar aos filhos, a se acostumar a pisar no outro, da forma mais impiedosa e covarde. Principalmente, quando o outro for mais “fraco”, “diverso” ou pensar de forma diferente de uma matilha malévola e ignara, ressentida antes e depois do sucesso e da fortuna, que se dedica à prática de uma espécie de bullying que durará a vida inteira, até que a sombra do fim se aproxime, para a definitiva pesagem do coração de cada um, como nos lembram os antigos papiros, à sombra de Maat e de Osíris.   



  

A reação conservadora à ascensão de Francisco, depois do aparelhamento, durante os dois papados anteriores, da Igreja Apostólica e Romana por clérigos  fascistas, e da renúncia de um papa  envolvido indiretamente com vários escândalos, que comandou com crueldade e mão de ferro a “caça às bruxas” ocorrida dentro da Igreja nesse período, se dá também nos púlpitos brasileiros. 

Não podendo atacar frontalmente um pontífice que diz que o mundo não é feito,  exclusivamente, para os ricos, religiosos que progrediram na  carreira nos últimos 20 anos, e que se esqueceram de Jesus no Templo e do Cristo dos mendigos, dos leprosos, dos aleijados, dos injustiçados, proferem seu ódio fazendo política nas missas - o que sempre condenaram nos padres adeptos da Teologia da Libertação - ressuscitando o velho e baboso discurso  de triste memória,  que ajudou a sustentar o golpismo em 1964. 

O ideal dos novos sacerdotes e fiéis do Bezerro de Ouro é o de um futuro sem pobres, não para que diminua a desigualdade e aumente a dignidade humana, mas, sim, a contestação aos seus privilégios. 

Em 1996, em um livro profético - “L´Horreur Economique”, “O Horror Econômico” - a jornalista, escritora e ensaísta francesa, Viviane Forrester, morta em 2013, já alertava, na apresentação da obra, para o surgimento desse mundo, dizendo que estamos no limiar de uma nova forma de civilização, na qual apenas uma pequena parte da população terrestre encontrará  função e emprego. 

“A extinção do trabalho parece um simples eclipse - afirmou então Forrester - quando, na verdade, pela primeira vez na História, o conjunto formado por todos os seres humanos é cada vez menos necessário para o pequeno número de pessoas que manipula a economia e detêm o poder político... 

dando a entender que diante do fato de não ser mais “explorável”, a “massa” e quem a compõe só pode temer, e perguntando-se se depois da exploração, virá a exclusão, e, se, depois da exclusão, só restará a eliminação dos mais pobres, no futuro. 

O culto ao Bezerro de Ouro, ao dinheiro e ao hedonismo está nos conduzindo para um mundo em que a tecnologia tornará o mais fraco teoricamente desnecessário. 

A defesa dessa tese, assim como de outras que são importantes para a implementação paulatina desse processo, será alcançada por meio da implantação de uma espécie de pensamento único, estabelecido pelo consumo de um mesmo conteúdo, produzido e distribuído, majoritariamente, pela mesma matriz capitalista e ocidental, como já ocorre hoje com os filmes, séries e programas e os mesmos canais norte-americanos de tv a cabo, em que apenas o idioma varia, que podem ser vistos com um simples apertar de botão do controle remoto, nos mesmos quartos de hotel - independente do país em que se estiver - em qualquer cidade do mundo.        

As notícias virão também das mesmas matrizes, em canais como a CNN, a Fox e a Bloomberg, e das mesmas agências de notícias, e serão distribuídas pelos mesmos grandes grupos de mídia, controlados por um reduzido grupo de famílias, em todo o mundo, forjando o tipo de unanimidade estúpida que já está se tornando endêmica em países nos quais - a exemplo do nosso - impera o analfabetismo político. 

E o controle da origem da informação, da sua transmissão, e, sobretudo dos cidadãos, continuará a ser feito, cada vez mais, pelo mesmo MINIVER, o Ministério da Verdade, de que nos falou George Orwell, em seu livro “1984”, estabelecido primariamente pelos Estados Unidos, por meio da internet, a gigantesca rede que já alcança quase a metade das residências do planeta, e de seus mecanismos de monitoração permanente, como  a NSA e outras agências de espionagem, seus backbones, satélites, e as grandes empresas  norte-americanas da área, e a computação em nuvem, identificando rapidamente qualquer um que possa ameaçar a sobrevivência do Sistema.    

O mundo do Bezerro de Ouro será, então - como sonham ardentemente alguns - um mundo perfeito, onde os pobres, os contestadores, os utópicos - sempre que surgirem -   serão caçados a pauladas e tratados a chicotadas, e, finalmente, perecerão, contemplando o céu,   nos lugares mais altos, para que todos vejam, e sirva de exemplo, como aconteceu com um certo nazareno chamado Jesus Cristo, há 2.000 anos. 

19 comentários:

Anônimo disse...

Prezado Sr. Mauro Santayana, a sua lucidez intelectual é um conforto àqueles que buscam uma análise inteligente e sofisticada para temas merecedores de um debate qualificado em nosso tempo e em nossa sociedade.
Abraços.

José de Almeida Bispo disse...

É quase uma redundância da minha parte dizer isso, porque é o natural no cronista, mas... vamos lá: IRRETOCÁVEL.
Realidade assombrosa... irretocável! Sinto o momento atual como se tivesse vivido o primeiro século de nossa Era, o que é quase impossível a ele não associá-lo.

Anônimo disse...

E a Suiça é o maior armazem mundial de côcô do diabo!

com_artigos disse...

Tchê, Mauro, como na maioria das vezes, tais inspirado. Como é bom ler colunas como estas. Abraços.

Anônimo disse...

Porque o Papa Francisco não pode ser contestado, criticado? Ele mesmo disse que não é santo...Como homem público está sujeito, sim, às críticas. Ninguém, ninguém é obrigado a acatar como certas, como corretas, as afirmações do papa. Graças à Liberdade isso pode acontecer o que enriquece o ser humano. O que não pode é que quem o critica ser transformado em demônio como seu texto faz.

Anônimo disse...

Caro Mauro,

Reproduzo e comento o seu texto: "Disputa-se e proclama-se o direito de ter mais, muito mais que o outro, de receber de herança mais que o outro, de legar mais que o outro, de viver mais que o outro, de gastar mais que o outro, e, sobretudo, de ostentar, descaradamente, mais que o outro."

Por isso as esquerdas tem problemas e o capitalismo é cada vez mais considerado a "opção menos pior". Aonde está a parte relativa aos que "trabalham mais do que os outros, se esforçam mais do que os outros, são mais empreendedores que os outros"? Porque estes tem que sustentar e gerar riquezas para os "outros" se estes não são inválidos? Aonde estariamos se todos fossem "iguais"? Duas respostas: como a União Soviética que nem mais papel higienico tinha ou, no outro extremo, não teriamos tido um Steve Jobs para criar os iphones, ipads, etc.

Anônimo disse...

e o que faz quem não quer viver nesse mundo para o qual estamos sendo inevitavelmente levados?

Renato Luiz Menze disse...

Olha, sinceramente, a exposição é de uma clareza irrefutável, visto que não estamos conseguindo vislumbrar tempos melhores. A luta é o único caminho. 'Morramos em pé, jamais de joelhos'!

Arnóbio Albuquerque disse...

O Papa acerta muito, mas erra também. Parece que o conceito da infalibilidade papal não se discute mais, especialmente depois de a própria igreja pedir perdão pelos seus erros.

O dinheiro não é um ente. Não tem vontade própria, nem se identifica como um ser. É um elemento neutro.

Os seres humanos, com uso do seu livre arbítrio, é que fazem mau uso dele. Se fôssemos demonizar os objetos neutros, o corpo é quem seria o maior culpado, pois é para satisfazer os desvarios dos sentidos do corpo é que o dinheiro é mau utilizado.

Se há uma falha, portanto, ela se encontra no imo da consciência humana, agora, para a maioria, numa fase de tantos ajustes e refinamentos que muitas vezes se confunde com a própria barbárie.

Esse estado primário, contudo, encontra-se ancorado num plano ascensional que culminará, depois de muitos séculos de progresso, quiçá milênios, na manifestação de uma grandeza inimaginada hoje, como demonstraram os avatares e santos de todas as religiões e como bem disse o grande Mestre, "vós sois a luz do mundo".

O que se encontra por trás da fala do Papa é o medo à riqueza, mal intrepretada na leitura da vida dos iluminados, algo muito comum na América Latina, especialmente no Brasil.

Paradoxalmente, especialmente no meio político, não se vê entre os maiores propagadores desse pavor ao dinheiro e ao capitalismo a busca pela vida humilde e santa de um Francisco, mas a mesma tendência ao gozo desenfreado dos sentidos e ao hedonismo, muitos deles (não todos, é verdade) defensores do aborto, do uso de drogas e da vida desvairada.

O dinheiro é o maior invento da humanidade, pois, por meio dele, todos os demais inventos foram criados. O dinheiro pode ser um elemento de condenação ou de salvação, dependendo apenas da forma como é usado. Sem dinheiro, nem um santo poderá sobreviver num mosteiro, pois ele precisará de alguém que tenha dinheiro para, pelo menos, doar alimento e roupa.

As famílias, os bons empreendedores e mesmo as boas igrejas fazem o uso correto do dinheiro quando financiam atividades saudáveis que promovem o progresso pessoal e social. Depois de 60,70,80 anos de vida, as pessoas que investiram bem em si mesmas verão que os eventos e oportunidades que as ajudaram a realizar o objetivo maior da vida, promoverem-se a novos e mais elevados patamares de consciência, não teriam sido possíveis sem o uso do dinheiro.

Esse medo deve ser deixado de lado. É muito mais fácil aperfeiçoar o que existe do que tentar destruir tudo e começar do zero algo que nem se sabe o que é.

As organizações capitalistas conhecem bem os danos causados pelo acúmulo de riqueza nas mãos de poucos e trabalham também para encontrar soluções, a despeito de muitas que, é verdade, continuam mergulhadas em ilusões. Muitas organizações estão trabalhando duramente hoje para construir sistemas de gestão cujo centro é o ser humano. Eu mesmo pertenço a um centro produtor de obras maravilhosas voltadas para as organizações repensarem os objetivos capitalistas e posso indicar bons livros sobre o assunto.

Deus não deixou o ser humano à própria sorte. Mesmo num ambiente contaminado de um pântano, floresce a pura e deslumbrante flor de lótus. Focar em processos seguros e testados de progresso individual seguindo metodologias universais de ascensão da consciência é tornar positiva e útil a vida - a única esperança viável para aprendermos a fazer o bom uso do dinheiro.

"É melhor acender uma vela do que amaldiçoar a escuridão", ensinam os sábios. Praguejar contra o mundo e contra todos é o que abre os canais para o obscurecimento da vida e para o agravamento dos problemas instalados.

Saudações !

Arnóbio Albuquerque
Consultor de Desenvolvimento

Arnóbio Albuquerque disse...

O Papa acerta muito, mas erra também. Parece que o conceito da infalibilidade papal não se discute mais, especialmente depois de a própria igreja pedir perdão pelos seus erros.

O dinheiro não é um ente. Não tem vontade própria, nem se identifica como um ser. É um elemento neutro.

Os seres humanos, com uso do seu livre arbítrio, é que fazem mau uso dele. Se fôssemos demonizar os objetos neutros, o corpo é quem seria o maior culpado, pois é para satisfazer os desvarios dos sentidos do corpo é que o dinheiro é mau utilizado. Não tenho visto ninguém propor a extinção do corpo humano, o que significaria o fim da humanidade.

Se há uma falha, portanto, ela se encontra no imo da consciência humana, agora, para a maioria, numa fase de tantos ajustes e refinamentos que muitas vezes se confunde com a própria barbárie.

Esse estado primário, contudo, encontra-se ancorado num plano ascensional que culminará, depois de muitos séculos de progresso, quiçá milênios, na manifestação de uma grandeza inimaginada hoje, como demonstraram os avatares e santos de todas as religiões e como bem disse o grande Mestre, "vós sois a luz do mundo".

O que se encontra por trás da fala do Papa é o medo à riqueza, mal intrepretada na leitura da vida dos iluminados, algo muito comum na América Latina, especialmente no Brasil.

Paradoxalmente, especialmente no meio político, não se vê entre os maiores propagadores desse pavor ao dinheiro e ao capitalismo a busca pela vida humilde e santa de um Francisco, mas a mesma tendência ao gozo desenfreado dos sentidos e ao hedonismo, muitos deles (não todos, é verdade) defensores do aborto, do uso de drogas e da vida desvairada.

O dinheiro é o maior invento da humanidade, pois, por meio dele, todos os demais inventos foram criados. O dinheiro pode ser um elemento de condenação ou de salvação, dependendo apenas da forma como é usado. Sem dinheiro, nem um santo poderá sobreviver num mosteiro, pois ele precisará de alguém que tenha dinheiro para, pelo menos, doar alimento e roupa.

As famílias, os bons empreendedores e mesmo as boas igrejas fazem o uso correto do dinheiro quando financiam atividades saudáveis que promovem o progresso pessoal e social. Depois de 60,70,80 anos de vida, as pessoas que investiram bem em si mesmas verão que os eventos e oportunidades que as ajudaram a realizar o objetivo maior da vida, promoverem-se a novos e mais elevados patamares de consciência, não teriam sido possíveis sem o uso do dinheiro.

Esse medo deve ser deixado de lado. É muito mais fácil aperfeiçoar o que existe do que tentar destruir tudo e começar do zero algo que nem se sabe o que é.

As organizações capitalistas conhecem bem os danos causados pelo acúmulo de riqueza nas mãos de poucos e trabalham também para encontrar soluções, a despeito de muitas que, é verdade, continuam mergulhadas em ilusões. Muitas organizações estão trabalhando duramente hoje para construir sistemas de gestão cujo centro é o ser humano. Eu mesmo pertenço a um centro produtor de obras maravilhosas voltadas para as organizações repensarem os objetivos capitalistas e posso indicar bons livros sobre o assunto.

Deus não deixou o ser humano à própria sorte. Mesmo num ambiente contaminado de um pântano, floresce a pura e deslumbrante flor de lótus. Focar em processos seguros e testados de progresso individual seguindo metodologias universais de ascensão da consciência é tornar positiva e útil a vida - a única esperança viável para aprendermos a fazer o bom uso do dinheiro.

"É melhor acender uma vela do que amaldiçoar a escuridão", ensinam os sábios. Praguejar contra o mundo e contra todos é o que abre os canais para o obscurecimento da vida e para o agravamento dos problemas instalados.

Saudações !

Arnóbio Albuquerque
Consultor de Desenvolvimento

Maria do Carmo Sampaio disse...

Sem palavras, mas muito feliz em saber que ainda existe uma voz pelos desvalidos. Obrigada, Universo!

Rogério Forti disse...

Sr.Mauro Santayana: há pelo menos 2 décadas acompanho seus textos, alguns dos quais guardados e lidos em sala de aula, onde leciono. Queria-lhe dizer do conforto que tenho eu ver a lucidez de análise. Obrigado!

Lufe Lima disse...

Que texto maravilhoso, Mauro. Eu que era um jovem católico antes do Santo J.Paulo II, vi o que ele fez com a igreja. Fechou as CEBs e calou Leonardo Boff. Assisti pasmo a igreja ser tomada por ele e o outro usurpador vestido como Alexandre Borgia e calçando Gucci.

"Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas."

Mateus 6:24

Na raiz do Cristianismo está o desprezo à idolatria ao dinheiro e ao poder econômico. Tanto Jesus de Nazaré quanto João Batista viveram e morreram lutando contra isso e pregando um reino dos humildes, dos pequeninos e dos pobres de espírito. Prostitutas, mendigos, leprosos...

Infelizmente, essa luta foi esquecida, abandonada e se perdeu. A igreja, santa e pecadora, tornou-se a antítese da mensagem que a originou.

O Papa Francisco é um reformador. Diferente de Lutero, que quis começar tudo do zero, Francisco segue os passos do Francisco que inspirou seu nome e quer mudar a igreja de dentro para fora.

Segundo a lenda, no século XIII o jovem Francisco entrou naquela igrejinha em ruínas, hoje conhecida como Porciúncula, e ouviu uma voz que parecia vir do altar. Dizia:

—Francisco, Francisco, conserta a minha igreja que está em ruínas.

Francisco e seus irmãos frades reergueram a igrejinha de Assis, mas nesse ato simbólico fizeram muito mais que reformar a pequena capela. Reformaram toda uma religião.

Hoje aquela voz ainda ecoa.

—Francisco, Francisco, conserta a minha igreja que está em ruínas.

Parece que ao reformar sua igreja em ruínas, Francisco está deixando muita gente com raiva. E isso é apenas o começo!

Azarias Esaú dos Santos disse...

O Leitor A.Albuquerque quer
"humanizar" o capitalismo.

Ana Cláudia Marques disse...

Não me lembro ter ter lido essa declaração do Papa, mas se ele disse isso mesmo, acredito que não soube se expressar. Com relação ao dinheiro, tudo depende da forma como é utilizado. Se for de maneira correta e sensata, como por exemplo em manutenção de abrigos, escolas e hospitais, é algo que vale a pena.

Arkdoken disse...

Caro Santayana; Todas as suas observações são absolutamente honestas. Mas são apenas denuncistas, sem a apresentação de quaisquer soluções. Como não foram dadas pelo grande revolucionário Jesus Cristo. Que em sua época não tinha as coordenadas necessárias, e precisou apelar para um deus inexistente, que evidentemente nada resolveu. Mas hoje você tem. Mesmo que não definitivas, as lições do Marxismo, materialista, são as únicas que podem frutificar. Fora do Socialismo não há solução para a Humanidade. Não falo do Socialismo soviético, ou chinês, ou coreano ou cubano. Que apesar de fabulosos avanços no Humanismo, por razões que cabem em compêndios ainda não são definitivos. Falo da ideia, da concepção de Socialismo. Não expresso "Comunismo", porque a palavra fere corações sensíveis... A única e definitiva solução. Enquanto discutirmos corrupção, egoísmo, guerra, dominação, criminalidade, miséria, preconceito, com base em seres humanos mauzinhos, que poderiam ser bonzinhos, mas vivendo no Capitalismo, meu amigo, com consciência capitalista, não chegaremos a nada.

Geraldo Maia disse...

Parabéns, Mauro Santayana.

Profesora Antolin disse...

Que candoroso!

Profesora Antolin disse...

Estimado, para que hace las preguntas, si ya tiene armadas las respuestas? Esas son viejas, en tiempos de mis abuelos ya las escuchaba. Vamos, ensayemos otras!